MARIO GIOIAda Folha de S.Paulo, na Espanha
Segundo país que mais recebe turistas no mundo, atrás da França, a Espanha é destino certo para quem gosta de arte.
E esse visitante pode, hoje, incluir em seu roteiro de viagem, ao lado de grandes museus como o Prado, novos centros de arte contemporânea. Na capital, há o museu CaixaForum; em Móstoles, cidade da Grande Madri, fica o supreendente centro de arte Dos de Mayo; e no sul, na turística Sevilha, está o Centro Andaluz de Arte Contemporânea.
Obras de videoarte, exposições temporárias de boa qualidade e coleções que reúnem peças de destacados nomes no circuito de arte internacional pontuam esse passeio menos usual. E, no meio de tudo, surgem traços mais conhecidos da cultura espanhola, como a influência católica e certo gosto para a monumentalidade.
Sevilha
Já em uma de suas portas de entrada, Sevilha surpreende o turista que liga a cidade somente às tradições espanholas. A estação de trem de Santa Justa -ponto de parada do trem-bala que leva duas horas e meia para chegar ali vindo de Madri- é um projeto de linhas contemporâneas dos arquitetos Antonio Cruz e Antonio Ortiz (www.cruz-ortiz.com).
Depois de ter sido sede da Exposição Universal de 1992, a cidade no sul da Espanha incorporou prédios de última geração, circulação fácil e sinalização clara nas ruas. Há um metrô de superfície bastante prático, a cidade é cheia de placas de informações turísticas.
Ao mesmo tempo, Sevilha abriga a praça de touros mais conhecida da Espanha, uma das catedrais mais imponentes do país e um palácio de influência moura, o Real Alcázar, além de ser um destacado centro de flamenco. Tradição e modernidade convivem bem nessa cidade de altas temperaturas -em pleno inverno, a temperatura pode ficar em torno de 20ºC.
A ilha da Cartuxa, acessível por uma ponte do renomado arquiteto valenciano Santiago Calatrava, concentra construções contemporâneas ou reformadas para novos usos. Uma das que mais impressionam é o antigo monastério de Santa María de las Cuevas, hoje sede do Centro Andaluz de Arte Contemporânea.
Suas primeiras edificações remontam a 1400. Até 1836, o local abrigava monges da ordem dos cartuxos. Depois de vários usos, virou fábrica de cerâmica, o que ajudou a descaracterizar algumas áreas. Nos anos 80, a fábrica fechou.
Traço contemporâneo
Em 1997, o monastério foi destinado para ser centro de artes. Com uma reforma assinada por José Ramón Sierra, um espaço total de 8.000 m2 foi reservado à nova instituição, que, hoje, tem uma boa coleção de arte contemporânea -há obras de nomes como Louise Bourgeois, François Morellet e Robert Motherwell (1915-1991), entre outros- e, ainda por cima, uma destacada agenda de mostras temporárias.
Antiga igreja
A dupla de artistas espanhóis Bleda e Rosa apresenta, em um conjunto de dependências do antigo monastério, a série de fotografias "Arquitetura". Em ambientes impessoais de Berlim, Pompeia e Sevilha, eles exploram temas como a memória, o tempo e a relação com a cidade. Parte das imagens está exposta em um local excepcional: a antiga igreja de São Bruno, patrono dos cartuxos. Em meio a modernas salas de exposição com boas condições museológicas, o visitante dá de cara com antigos túmulos na sala Capitular ou com pátios internos que remetem à influência árabe na região, com brasões e azulejos pelas paredes.
O centro também é sede de uma elogiada bienal de artes -a quarta edição deve acontecer a partir do final do ano que vem. Por enquanto, uma das obras da edição anterior, uma instalação dos norte-americanos Matthew Ritchie e Aranda/Lasch, saúda o visitante no jardim de entrada.
CENTRO ANDALUZ DEARTE CONTEMPORÂNEAIngresso: 1,80 (válido para visita ao monumento ou para as mostras temporárias); 3,01 (visita completa); a partir de 1º/4, de ter. a sex., das 10h às 21h; aos sáb. das 11h às 21h; e, aos dom., das 10h às 15h; tel.: 00/xx/34/955/03-7070. www.juntadeandalucia.es/cultura/caac/