segunda-feira, 2 de março de 2009

O "ANTIVÍRUS"

Tenho percebido que de uns tempos para cá os governantes, em todos os níveis, dispensaram o conhecimento e substituíram os técnicos, experientes profissionais, por colaboradores que não colaboram, auxiliares que não auxiliam, mas que, entretanto, satisfazem um sonhado "projeto de poder" onde os interesses políticos são privilegiados e chegam a ser apresentados com os mais diferentes apelidos e onde "governabilidade" é o apelido mais comum e, também, mais convincente.
A moda está espalhada por todo o Brasil e, para alguns, é absolutamente natural esse procedimento e justificam afirmando que essa situação é a única forma de se manter o poder e as condições de governar sem ser "atrapalhado" pelos opositores, construindo o que chamam "base" de uma administração, ou base de um governo.
O fatiamento da administração, obrigatoriamente leva ao escolhido pelo povo a ser um coordenador de uma desejada equipe que precisaria estar afinada e focada no conjunto o que, pelos objetivos definidos por cada membro dessa equipe, sem qualquer conhecimento do que seria esse conjunto, a ter comportamento diverso do outro membro e, este outro, do outro e assim por diante, compondo um quadro heterogêneo que, aos poucos, vai distanciando a coordenação e prejudicando os resultados.
Os gestores não colocam nem um antídoto para evitar a doença do "cada um por si" e quando precisam encurtar as distâncias já não tem mais força suficiente, a não ser aquela do faz de conta na esperança de que, mais adiante, recupere o controle que, no momento, está perdido.
Os técnicos estão atentos à finalização dos projetos, pois acompanham as fazes de desenvolvimento desses projetos, são os que primeiro se surpreendem com as distorções. Os erros se sucedem e os comandos são frágeis e não são acompanhados dos requisitos mínimos que possam dar condições para que se atinjam o que consta do planejado.
Nesse cenário é comum se ver o afastamento daqueles técnicos que não concordam com o desperdício do tempo e dos recursos, devido à falta do conhecimento para desenvolver esta ou aquela tarefa.
Nesse momento começam os problemas maiores, pois, com o afastamento dos técnicos, os espaços são ocupados pelos curiosos, às vezes muito próximos do gestor, que nem percebe os prejuízos que está chamando para sua administração e para si pessoalmente.
Nesse momento entra a fase da ilusão, do faz de conta, dos disfarces e das "aturações".Desprotegido o administrador com mandato entra em um dilema onde tem que pesar os prós e os contras.
Isso vai depender muito dos acertos e dos erros do grupo que poderia ser equipe e ai começa a necessidade de renovar o mandato e descobre que não avançou nada, nada foi feito para neutralizar o desgaste, ao contrário, o que foi feito facilitou o desgaste que deixa de ser desgaste e passa a ser rejeição.
Isso deixa claro que nos tempos de agora esse "vírus" poderia ser combatido com um "antivírus", nesse caso, uma equipe técnica motivada e que, nas horas de tomada de decisão, tenham elementos para minimizar os erros, fortalecer os argumentos e conquistar amortecedores para a rejeição.
Essas equipes estão dentro da administração, os seus membros recebem todos os meses os seus salários e estão com vontade de trabalhar. Basta juntá-los e o antivírus está instalado.

*artigo de Rodolfo Juarez - colunista do Jornal do Dia