Nos Estados Unidos, a recessão econômica se transformou em uma crise social de uma dimensão que o país não via desde a Grande Depressão do início do século 20. Além de derrubar os preços das ações e os ganhos corporativos, a atual crise privou milhões de pessoas de seu sustento.
A pobreza como fenômeno de massa está de volta. Cerca de 50 milhões de americanos não possuem atendimento de saúde e mais e mais pessoas se juntam a elas a cada dia. Mais de 32 milhões de pessoas recebem cupons de alimentos e 13 milhões estão desempregadas.
A população de moradores de rua está crescendo atrelada ao rápido aumento de execuções hipotecárias, que aumentaram 45% em março de 2009 em comparação ao mesmo mês no ano passado.Os efeitos da crise são até mesmo palpáveis nos melhores bairros.
As ruas são largas em Venice Beach, um subúrbio rico de Los Angeles, próximo do mar. Mas agora elas parecem mais estreitas do que o habitual, porque estão ocupadas por campistas estacionados e peruas, os lares temporários de pessoas cujas vidas foram colocadas na espera. Muitas cobrem as janelas com papelão para preservar um mínimo de privacidade. Algumas colocaram cartazes que dizem "Entre se ousar", na esperança de dissuadir ladrões de carros e outros criminosos.
A crise também se fez sentir na rica Georgetown, um bairro residencial histórico em Washington, DC, que é lar de muitos políticos, lobistas e advogados. Qualquer um que se esquecer de trancar seu carro à noite pode esperar encontrar convidados indesejados dormindo dentro dele na manhã seguinte.
Quando uma mulher local, que trabalha em uma embaixada de um país do Oriente Médio em Washington, abriu a porta de seu carro certa manhã, ela ficou surpresa ao encontrar uma mulher segurando uma bolsa e usando um colar de pérolas sentada no assento da frente. A mulher humilhada cobriu seu rosto, pediu desculpas educadamente e rapidamente deixou seu local de pernoite.
A perda do emprego geralmente marca o início do fim do modo de vida da classe média. Em um delírio de corte de custos, as empresas americanas começaram a demitir parte de sua força de trabalho. O número de desempregados cresceu em cerca de 690 mil pessoas em março, 850 mil em fevereiro e 510 mil em janeiro.
Desde o início da crise, em meados de 2007, o número total de desempregados nos Estados Unidos inchou em 6 milhões.A rede de seguro social do governo é insuficiente para permitir que pessoas que perderam seus empregos continuem vivendo suas vidas como se pouco ou nada tivesse acontecido.
Após a farra de consumo dos últimos anos, as contas bancárias das pessoas comuns estão vazias e as contas de investimento da classe média perderam em média 40% de seu valor. Devido a estes fatores, o desemprego frequentemente é seguido por uma rápida queda na pobreza abjeta
.Atualmente, os políticos passam tanto tempo visitando abrigos de moradores de rua quanto antes visitavam novas empresas no Vale do Silício. As pessoas aguardando na fila da sopa da Miriam's Kitchen, em Washington, recentemente ficaram felizes em ver a primeira-dama Michelle Obama, quando fez uma visita surpresa à cozinha de sopa para os pobres.
Antes de tomar posse, o presidente Barack Obama ajudou a pintar um abrigo para moradores de rua não distante da Casa Branca.
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