O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), criticou nesta quinta-feira a divulgação de grampos telefônicos que captaram conversas dele com o seu filho Fernando Sarney, nas quais discutiram o uso de duas empresas do grupo de comunicação da família para veicular denúncias contra adversários políticos do Maranhão. Sarney disse que, se o Brasil fosse uma efetiva democracia, as conversas são teriam sido vazadas.
"É uma conversa de ordem pessoal entre um pai e um filho, que, se nós estivéssemos num regime realmente de absoluta democracia, isso não existiria porque jamais nos teríamos uma conversa [divulgada] entre um pai e um filho", afirmou.
O senador reconheceu que, na conversa com Fernando Sarney, recomendou ao filho para divulgar notícia rebatendo as acusações contra o empresário feitas pelos seus adversários --ligados ao governador do Estado, Jackson Lago (PDT).
"Eu dizia que ele deveria se defender dos ataques que estava sofrendo e, ao mesmo tempo, publicar não era uma matéria de ataque nem de insulto, mas uma notícia sobre uma denuncia que existia concreta a respeito dele", disse.
Sarney afirmou, porém, que seu filho mostrou ser mais calmo do que o próprio parlamentar ao afirmar que iria se informar melhor antes de divulgar qualquer informação a respeito dos seus adversários políticos.
"Ele [Fernando] cuidadosamente disse assim: não meu pai, eu estou procurando me informar melhor para que, com maior segurança, a gente possa publicar. Então é uma conversa na qual nós ficamos muito bem, eu desejando que ele se defenda, e ele tendo cuidado", afirmou o senador.
O presidente do Senado disse não estar certo de que o teor da conversa com o seu filho divulgado pela imprensa foi fiel ao que realmente ocorreu. Sarney afirmou que não se lembra, por exemplo, de ter mencionado o nome da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) na conversa.