segunda-feira, 16 de março de 2009

Está no Le Monde

A canção de Gréco"Acostumado a viver sem chaves, eu passo o ano novo. De que mais ainda preciso me desapegar?" "Esta rua se chama a rua dos filhos infiéis. Eu não tenho pais, nem filho". "O homem não vive somente de pão, mas eu passo meu dia com o pão distribuído..." Sob uma noite estrelada, essa canção de Juliette Gréco, com letras de Jacques Prévert e música de Joseph Kosma, embalou o seu sono: "Adormecendo sob um céu estrelado, escutei a canção de Gréco. Era só uma ilusão..."O poeta anônimo assina seus textos com o pseudônimo de Koichi Koda, mas o campo "endereço" que acompanha a publicação do poema, normalmente obrigatório, comporta a simples menção: "sem". O autor provavelmente vive no bairro de Kotobuki-cho, em Yokohama, uma das vilas de albergues decadentes, uma dessas armadilhas da cidade para onde correm os sem-teto.A letra cuidadosa e a referência à canção de Juliette Gréco (que data dos anos 1950) fazem pensar que o homem é culto e deve ter mais de 70 anos. Logo depois da publicação de seus poemas pelo "Asahi", o poeta anônimo enviou outro: "Ao ler o artigo a meu respeito, como se tratasse de alguma outra pessoa, lágrimas me vieram aos olhos".O jornal o chamou para que se apresentasse, nem que fosse para lhe pagar a pequena remuneração que acompanha a publicação do poema. "Estou comovido com sua gentileza, mas por enquanto não tenho coragem de entrar em contato com vocês", ele respondeu.